domingo, 11 de setembro de 2011

Dia de Verão

 Há muito queria publicar esse texto, porém a inspiração me atingiu enquanto estava num ônibus e como não poderia deixar de ser, escapou-me quando sentei em frente ao pc. Posterguei esse texto por muito tempo. Aproveito o fim da bienal para lançá-lo como uma pequena forma de homenagear esse evento de que tanto gosto. Obviamente, o texto apresenta distinções entre o que originalmente concebi e que com o passar do tempo esqueci. Espero que tenha ficado bom.



 O dia estava lindo e o céu era de uma beleza inigualável. Uma grande tela azul que fora entregue a grandes mestres que, usando seus talentos, confeccionaram formas perfeitas em tinta branca para adorná-la.  Havia algo de diferente no dia. Os raios de Sol incidiam sobre a cidade destacando as formas perfeitas da paisagem, batiam nos rostos das pessoas fazendo brilhar seus sorrisos enquanto iam e viam. À orla, o cenário ganhava a trilha sonora do mar. Muitos deitavam-se na areia e acabavam adormecendo devido a suavidade do tempo e à melodia. 

Ele a estava esperando no calçadão enquanto observava as ondas quebrando, os carros passando pela avenida, as pessoas caminhando e conversando. Sua camisa era branca e com os contornos em preto da orla que ele mais amava. O Cristo e o Pão de Açúcar eram facilmente reconhecíveis. Ele sorria, com as mãos no bolso da bermuda, enquanto apreciava os toques suaves do Sol e do vento. Sentia-se feliz pelo dia, pela bela paisagem que contemplava, por morar morar naquela magnífica cidade e por estar ali, esperando aquela garota que ele tanto gostava. Foi quando a viu, e seu coração perdeu o compasso. 

Ela vinha em sua direção com um belo vestido branco, adornado com flores multicoloridas. O vento fazia seu cabelo negro balançar lentamente, enquanto batia em seu vestido fazendo as flores dançarem. Seu sorriso resplandecia à luz do Sol. Os olhos, negros como o ônix, traziam um brilho que não provinha do Sol. Era um brilho que só aqueles olhos emitiam.

Abraçaram-se e olhos do rapaz fixaram-se nos da garota. Não havia mais nada a se olhar. Foram aqueles olhos que o conquistaram. E depois os risos, a inteligência, a engenhosidade daquela garota tão incrível. Incrível. Foi o que ele havia dito pra ela depois da primeira conversa, que durara horas e para ambos não passaram de minutos. Mas naquele momento não havia lugar para palavras. As mãos dele foram até o rosto da menina, acariciando aquelas formas tão belas. O sorriso dela abriu-se ainda mais ao sentir o toque daquelas mãos. Ele trouxe o rosto dela junto ao seu e lentamente seus lábios se encontraram.

Seus corações descontrolaram-se. Seus lábios uniram-se num beijo apaixonado. Suas mãos acariciavma nuca, costas e cintura bem lentamente. Apreciavam-se naquele momento tão terno, ignorando o mundo a sua volta. As pessoas ao redor observavam a cena com interesse, contaminados por aquela paixão tão doce.

Ficaram ali, se beijando pelo que pareceram horas, ou quem sabe minutos. Assim como na primeira conversa não sabiam dizer. Separaram os lábios, mas permaneceram abraçados sentido o coração um do outro e num relance, olharam-se nos olhos e em uníssono pronunciaram:
- Eu te amo.
Palavras nunca antes ditas e que soaram como se tivessem sido ensaidas, como se fossem pertencentes ao cotidiano. E não disseram mais nada pelo resto do dia, não havia mais nada a ser dito. Caminharam pela praia, sentaram na areia, sentiram a água do mar, curtiram-se, naquele dia de verão.






Um comentário:

  1. Olha só, rapaz. Um Inoã cronista.
    Você soube levar perfeitamente o enredo com descrições detalhadas, a prolongação de segundos para criar um suspense, enfim, li atento do início ao fim.
    Continue escrevendo que tenho certeza que virão textos ainda melhores.
    Abraços,

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