sábado, 26 de novembro de 2011

Novamente CPII



 Cá estou eu outra vez a sentir essa estranha nostalgia. E quem me causa sentimento? Não outro que não o Pedro II. Daqui a uma semana ocorrerá a tradicional feijoada de ex-alunos. Muitas gerações se encontrarão e confraternizarão sobre os momentos que passaram naquele maravilhoso colégio. É estranho escrever sobre isso, mas para quem conhece um ex-aluno do Pedro II há uma grande chance de saber do que eu estou falando. Os olhos daqueles que o amam brilham quando falam dos momentos que lá viveram.

Pois bem, embalado nesse sentimento, estava buscando alguma livraria que tivesse uma cópia do livro Histórias do Velho Colégio Pedro II, de autoria do professor Wilson Choeri que, além de ex-aluno foi diretor geral da instituição. Abrindo aspas na minha história, vale à pena contar como eu conheci esse livro. No meu último ano de Pedro II, recebi um trabalho do meu professor de português Márcio Hilário (que por sinal escreve excelentes textos no blog Histórias dos Subúrbios), onde grupos eram responsáveis por montar uma encenação com a temática pedro segundense num determinado período de sua história. Ao meu grupo coube o ano de 1950. A princípio tido como impossível, devido a exigência de verossimilhança com o ano e os eventos ocorridos no ano, o trabalho mostrou-se um acesso a história do colégio. O tal livro foi usado como base para a organização da peça. Entretanto, para mim, tornou-se uma viagem indescritível pelas peripécias que marcam a historia desse colégio. A cada página mais eu me enamorava e me orgulhava de fazer parte do Pedro II.

Ao tentar encontrar essa preciosidade, acabei por desencavar um poema, fragmento de um outro livro (Ao Pedro II Tudo ou Nada?, de vários autores - devo ressaltar que já entrou na minha lista de desejos) escrito por Amaury Fernandes da Silva:

 Últimas Saudades
  
Ao nosso Pedro II
Busquei na noite, a madrugada em meio,
quando o silêncio fala de saudade,
desta saudade que ao meu peito veio
lembrar-me em sonhos minha mocidade,
Para rever-te, altivo e solitário,
cerradas portas para o mundo afora,
como a guardar, em doce relicário,
Pedro Segundo, os sonhos meus de outrora.

Deserta a rua, povoado o peito,
minh’alma adentra a porta secular:
tal qual deixei, te encontro: o mesmo jeito,
minhas saudades todas no lugar!

Em frente à porta de entrada,
no meio do corredor,
vejo a turma engalanada
num quadro feito de amor!

(Ah, Deus, meu Deus da juventude eterna.
A fonte milagrosa vim buscar!
E esta saudade doce que se interna
dentro em meu peito é que me faz chorar!)

Fantasmas que deixei nos corredores,
Amigos eu voltei pra vadiar.
Suspirem todas, todos os meus amores,
primos amores, eu voltei p’ra amar!

Meu velho Mestre Aurélio, que imortal,
a Academia Brasileira fez:
eu quero novamente levar ‘pau’
pra ver se agora aprendo Português!

Dona Luísa, Floriano amigo,
meus inspetores de primeiros bancos:
voltem de novo! Venham ver comigo
o alvorecer destes cabelos brancos!

Querido Fontes, de aparência austera,
rigor na face, mas no olhar ternura;
                       meu coração pelo teu grito espera:                       
- Sala, menino! Deixa de frescura!

Volto à rua, é claro o dia
e na minha nostalgia
aguardo aberto o sinal;
e sinto a mão carinhosa
sublimemente zelosa,
do velho Guarda Amaral!

Deus, meu Deus, quanta saudade!
Meu Deus, por que envelheci!
Se ao lembrá-lo, na verdade,
ou menino, não cresci!

Jesus, dizei-me a verdade:
quando eu deixar este mundo,
haverá na eternidade
um outro Pedro Segundo?

O que eu posso dizer diante de palavras tão sublimes? Ás vezes fico a pensar o que seria de mim hoje, da minha vida, se tivesse passado mais do que 3 anos no Pedro II. Quanto significado esse colégio possui em minha história. Que a minha lágrima possa ser aceita como sutil oferta a tanta grandeza.