domingo, 5 de fevereiro de 2012

O Cortiço



Esse post começa com um agradecimento. Raphaela Fernandes muito obrigado. Você me deu um presente de valor inestimável. Esse presente tão significativo foi o livro "O Cortiço" de Aluísio Azevedo e, agora que terminei a leitura só tenho uma coisa a dizer: estou abismado.

Vamos por partes. A história não tem um foco em um personagem, mas sim em um lugar, o tal cortiço. Nos primeiros capítulos somos apresentados à João Romão, que por ação do destino herda um venda e a partir daí começa a buscar com uma gana louca a riqueza e a prosperidade, valendo-se de métodos pouco ortodoxos para isso. Vide a pobre Bertoleza.

Nos capítulos seguintes somos apresentados ao florescer do cortiço e seus moradores. E é aí, que na minha humilde opinião, o autor mais se destaca. O autor vai apresentando diversos personagens que relacionam-se baseados no cortiço. Suas histórias, ao mesmo tempo individuais são em grupo, pois nada fica escondido aos ouvidos e olhares atentos dos moradores (fofoqueiros). Temos lá a D. Isabel, com seus desgostos causados pela vida, com sua filha Pombinha e seu problema em desabrochar, a Machona com seu filho endemoninhado Agostinho, sempre a traquinar, e suas filhas "Das Dores" e Neném, Leocádia, esposa do ferreiro Bruno, Albino, o afeminado, Augusta Carne-mole e seu marido soldado de polícia, o Alexandre, Rita Baiana com sua sensualidade à brasileira, Bruxa, com suas feitiçarias, Marciana e sua filha Florinda. Além destes temos Jerônimo e sua esposa Piedade. Jerônimo torna-se encarregado da pedreira de João Romão e por isso, vai morar no cortiço. Além destes temos a família do Miranda, comerciante de fazendas por atacado (tecidos, simplórios). Sua família constitui-se de sua esposa infiel (leia-se devassa) D. Estela, sua filha Zulmira, o parasita Botelho, um velho amargurado pela falência em terras tupiniquins e que sentia paixão pelo militarismo, e Henrique, filho de seu mais importante cliente e que veio para estudar no Rio de Janeiro.

As histórias dos personagens são ótimas, com um desenrolar fascinante. Aluísio Azevedo consegue prender a atenção com um livro que instiga o leitor a se aventurar pelo cotidiano do cortiço e pelas modificações pelas quais os personagens e o próprio cortiço passam. Eu, sinceramente, fui surpreendido com as reviravoltas da história. E depois falam que novelas tem história, se bem que acho que já vi uma ou outra dessas "histórias" nas novelas. Acasos do destino.

Esse foi, sem sombra de dúvida, um dos melhores livros que eu já li. Digno de ser chamado de obra-prima e uma grande referência do movimento realista. Recomendo a todos que apreciam uma boa leitura. Até a próxima.
PS1: O final é emblemático.
PS2: A capa não representa o cerne do livro, mas vou fazer uma propaganda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário